Nãoexisteosónuncaexistiununcaexistiráosósóissosóaquilo.Nãominta,
nãodestruaosónãomastiguenãoinventenãodigaqueeleexiste.Nãoexiste
osó,nuncaexistiu,nuncaexistiráosó.

Puro.

Uma flor,
Um lírio.
Branco, como leite,
como jovem sêmen derramado sobre o corpo nu de tão limpa pele clara,
alva, pele de criança pura, sã.
Veias azuis descansadas nas pálpebras, pupilas, pés
As mãos abertas.
Rio corrente de branca seiva matinal, descalça, acesa
por entre os ganhos de seu corpo verde, calmo, tenro
seus galhos
Afundando puramente pelos poros de suas calças
de seus umbigos
de seus dedos
vagarosos, arredios, sujos, amanteigados.
Seu olhos parados, claros, tristes, vazios
e nariz bonito.
Propriamente uma flor,
um lírio branco como leite.
Um rio, branco como leite.
Um moço.
Um osso.
Um galho de seu corpo magro.
Um lírio.

4

Estou na quarta série.
Era sim aquele meu primeiro pequeno desconhecido amor.
Eu ainda não sabia.
Voltei no tempo para começar mais cedo.
Na quarta série.
Também porque meu número de sorte fosse o 4
mas ele nunca me deu sorte realmente.
Eu conheço cada veia dentro de mim.

Porque não via o que havia.

Apenas um dia como qualquer outro.
Um, Dois, Três...

...

Eu não sei quem ele é... Mas sei.
Lá, em algum lugar, deve haver resposta.
Li uma vez que existem pessoas assim...
O que devo fazer é acreditar nelas.

A Lua

Hoje ela veio até mim e me contou todos os seus segredos.
Não os dela, os seus.

Ontem à noite.

Você é filho da feiticeira e por tanto tem poderes sobre a natureza.
E fui até a casa confirmar à mãe que já sabia do segredo guardado. Os cabelos brancos.
Chovia.
Aquela moça que voava me disse para confiar nela. O frio na barriga na hora da descida. Era um mar alto, como em Inteligência Artificial.
Existia um hospital onde jazia minha irmã.
Lágrimas soltas rolavam.
Eu tinha poderes sobre a natureza.
Chovia.