Nãoexisteosónuncaexistiununcaexistiráosósóissosóaquilo.Nãominta,
nãodestruaosónãomastiguenãoinventenãodigaqueeleexiste.Nãoexiste
osó,nuncaexistiu,nuncaexistiráosó.

Desilusão.

Álvara era uma galinha contente. Desde quando era apenas uma pinta.
Seu dono, o fazendeiro, era muito cuidadoso com todas as galinhas. Dava-as comida e água pessoalmente todos os dias e limpava o poleiro.
As galinhas o viam com respeito, mas tinham medo de ir parar na panela, pois infelizmente para elas, esseé o destino cruel das galinhas. Porém Álvara nunca pensara assim.
Álvra tinha sentimentos mais profundos pelo fazendeiro, como se ele a amasse de verdade e não fosse apenas seu dono, pois trazia para ela seu alimento todos os dias para olhar para sua face galinal. (Para uma galinha, a coisa mais importante no mundo são os ovos e a comida).
Todas as colegas de Álvara, inclusive as patas, galinhas da angola e codornas, avisavam para la que aquilo era impossível:
- Ele não te ama.
- Ele só quer te comer! - Diziam. Mas Álvara não desistia.
Ansiosa com a situação, Álvara sempre comia mais que as outras galinhas. Quando o fazendeiro chegava ao poleiro, bem cedo pela manhã, ela já estava acordada esperando para vê-lo e que sabe bibicar suas mãos e pés e o chão onde ele jogava o milho.
Aquele milho tinha o cheiro forte das mãos do fazendeiro. A água refletia seu rosto masculo, seus sapatos deixavam as marcas de sua presença gravadas no chão.
Álvara tornou-se, em pouco tempo, a galinha mais gorda da fazenda. Passavam os dias e ela amava mais e, quanto mais amava, mas comia.
A quaresma foi chegando e as pessoas na fazenda coeçaram a consumir mais arne branca, principalmente os peixes, mas todas as semanas, uma das galinhas era escolhida para o cozido. Álvara via sempre suas colegas, sendo agarradas pelo pescoço pelas mãos fortes do fazendeiro, que as examinava e as levava para dentro de casa e se perguntava por que não era escolhida.
Na sexta-feira-santa a família se uniu e o fazendeiro veio ao poleiro para escolher a maior e mais gorda e mais saudável galinha para o almoço.
Naquele dia Álvara arrumou as penas e se prepaou para ser escolhida. "Alguma coisa dentro dela a fazia querer salivar"*. Ficou totalmente apresentável.
Quando o fazendeiro veio em sua direção, seus pés começaram a tremer. Ainda hesitou um pouco ao toque do homem, mas se deixou ser pegue por ele. A mão forte segurva suas pernas, alisava as asas e as examinava, olhou em seus olhos, segurou-a pelo pescoço. Naquele momento Álvara não pensva mais em nada. Suas veias inchavam, seus cacarejos não mais funcionavam, arrepios vinham e voltavam e vinham e voltavam e ficavam. Sua pressão arterial subiu tanto, que ela acabou tendo um ataque e morreu antes que chegassem à porta da casa.
O fazendeiro lamentou a morte, mas não poderia levar à mesa uma galinha morta de doença. descartou-a. Álvara virou adubo. Comida para urubús. E o fazendeiro voltou para o poleiro para escolher outra galinha.

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*Citação de um letra de Regina Spektor(Pavlov's Daughter).

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