Nãoexisteosónuncaexistiununcaexistiráosósóissosóaquilo.Nãominta,
nãodestruaosónãomastiguenãoinventenãodigaqueeleexiste.Nãoexiste
osó,nuncaexistiu,nuncaexistiráosó.

Surrealismo.

Por que viver em um mundo realista,
se podemos ser surreais, se escolhemos pelo dada...
Há tempos que me despedi do realismo chato.
Sou irreal... tão real quanto a pomba branca que voa
a vinte metros de altura, procurando alpiste no chão
e é devorada pela coruja,
porque a noite não é lugar das pombas.

Da infância até aqui, tudo pode ser apagado:

É como brincadeira de criança, um iô-iô, que vai e volta
com meu tédio, meu ócio, minha dor, ou sei lá o quê que me faz sentir assim.
Não tem hora certa, não tem clima e nem data,
só vem... sem que eu solicite.
As alavancas certas são certas palavras, certos atos pequenos que ativam lembranças e vontade,
que me matam,
me aniquilam.
Como brincadeira de criança, como iô-iô, que sobe e desce, mas não desprende do dedo,
a corda não desprende do dedo, a corda não sai.
É difícil realizar qualquer manobra com meu brinquedo sombrio,
ora porque é muito pesado! Pesado demais para que uma criança
como eu, como os que foram eu, como os que serei,
muito difícil para que eles carreguem.
Dois não ajuda não... Nem adianta.
Dois talvez até piore.
O iô-iô do sentimento fragilmente abalado do ser o que não se sabe ser e querer ser o que não se pode. O iô-iô de querer voltar para o início, para quando a folha ainda estava limpa, quando a história era só ideia.
O iô-iô de quando estou só, mesmo rodeado pelos outros brinquedos.

Do Mal-entendido:

Ele estava aqui, na minha rua!A última pessoa que poderia saber meu endereço.
O vi primeiro. Seu cabelo loiro, sua cara enjoada.
Escondi-me. Entrei em casa correndo, passeei pela cozinha, rodeei .
Criei coragem para voltar para o muro, onde fico deitado ás vezes.
Fui devagar para saber se ainda estava ali na esquina. Espiei pelo reflexo da TV.
Saí.
Não era ele.

Da Emoção:

Tenho medo de ter secado, de nunca mais chorar.
Tenho medo que nada mais me emocione,
que tudo passe sem que eu tenha acessos de dor interna,
que curados seriam pelas lágrimas que rolam pelas bochechas até encontrar a boca.
Lágrimas salgadas de dor amarga ou de felicidade açucarada, mas sempre salgadas.
Tenho medo de não provar mais delas.
Tenho medo de nunca mais chorar.

Dos Mudos:

Eu gosto de ouvir o silêncio... muito mais de senti-lo. De ter a percepção muda de um lugar ou de alguém.
É uma das coisas sagadas para mim.
Ele não mente, nem diz a verdade, porque nada diz.
O silêncio é o profundo, o real.
Mas é novo pra mim. Não o ouvir, o querer o mudo, mas a percepção do gostar dele.
Portanto, tentarei fazer silêncio, para que me conheçam de verdade.

Do medo:

Temo temer temer

Do Tudo (que é nada) (que é tudo)

Quando eu estiver down, você nunca saberá o porquê. Porque o porquê não tem porquê.
O porquê são coisas e ninguém sabe o porquê delas, o porquê de seus nomes e de suas cores, são apenas coisas e isso lhes basta.
Quando eu estiver down digamos que seja por nada, já que tudo é nada. E quando o tudo vira nada, o que me resta é parar.

Para Nascer.

Para contar a verdade, vi que todos eram ovos. Ovos eternos de casca bem dura.
Ovos brancos que vinham em minha direção. Cada um guardando seu feto, cada um guardando seus [des]sabores, cada um com sua textura de cálcio.
Sem braços, sem pernas, sem olhos.
Ovos, nada mais.

Dos aprendizados:

No primeiro dia do ano, juntos dos amigos, tudo que se aprende é que se precisa do Amor.
Ao decorrer do ano, você aprende o que ele significa.