Nãoexisteosónuncaexistiununcaexistiráosósóissosóaquilo.Nãominta,
nãodestruaosónãomastiguenãoinventenãodigaqueeleexiste.Nãoexiste
osó,nuncaexistiu,nuncaexistiráosó.

Cores Apagadas no Cinza

Passando pela esquina, desviei da poça d'água.
Quase pisei em suas asas vermelhas e passei direto, na faixa de pedestres.
"Será que era uma mariposa?"
Voltei, o sinal ainda fechado, agarrei-a pelas asas e corri. Os carros atrás de mim, cruzando o asfalto quente.
O asfalto não é lugar para uma mariposa.
Ela estava morta.
Andei a rua escura, algumas pessoas passavam, alguns carros estacionados, até o lugar mais próximo onde havia árvores.
Examinei, escolhi uma flor bonita e grande o bastante para confortar seus pelos e patas. Ela era linda, a mariposa.
Retirei a flor do pé. Acomodei-a sobre algumas folhas na terra. Coloquei a mariposa deitada em suas pétalas vermelhas. Pareciam vivas as duas.

O asfalto não é lugar digno para algo que tenha asas tão leves.
Ali a deixei, para voar o vôo infinito das mariposas, que vivem tão pouco.

Meus dedos ficaram manchados com as microescamas de seu corpo.
Marron-sangue.

Zilu Dorpe

Minha respiração ficou lenta de repente.
Porquê?
Seria a falta de algo que deve sempre estar comigo?
Idealizações que sempre me matam.
Oh, senhor dos meus sonhos, apague-se de minha memória.

Respiração.

No silêncio, os suspiros pareciam trovões.
Não queria olhar no espelho depois de tudo que passou.
Aquela droga poderia ter sido a salvação, mas as pessoas sempre entendem errado o que fazemos certo.
Para me deixar pior, os olhos não se encontraram na saída, como de costume.
Oh, pobre sentimento acanhado de perda que não quer ganhar da eperança, mas sempre acaba aumentando à medida que conseguimos deitar e tentar dormir.
E cada suspiro parece um trovão. E cada palavra parece não.
E cada noite é pior.

Mas do que estou falando? Isso é você quem sabe.

Suicídio

As nuvens todas do céu olhavam para baixo para me ver ali.
E meus olhos subiam para vê-las.
Grande e bonita cena de um pequeno que olhava para o céu.

O vento amassava minha blusa quadriculada que eu havia tingido de preto não fazia muito tempo.
Abri os braços e voei.

Eu Namoro o Invisível

Eu transformo dua imagem naquela que me é mais adequada.
Em minha visão tenho você ao meu lado,
lendo um livro longo e bonito.
Eu, muito cansado, querendo dormir.
E você, sem querer, apaga a luz e me canta uma canção de ninar.
E depois que durmo, você não quer mais ler o livro.
Distrai-se com meus olhos tremendo junto com meus sonhos bonitos, em que andamos pela areia.

Segredos.

Se minhas pálpebras falassem tudo que vejo por aí, não seria grande problema.
Garde seria se meus cabelos dissessem tudo que minha cabeça pensa.

Brincando com Cores Quentes

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Sem nome


O Mar depois do Caos.

Empurrado por nossa sensação de liberdade estrema, o Sol subia entre as nuvens querendo se libertar.
A água ia e voltava, batia nas pedras. Não havia sono, não havia preocupação, não havia nada.
Éramos loucos risonhos no meio do nada, lembrando dos rostos e das situações que nos levaram até ali tão tranquilamente.
E o Sol subia entre as nuvens.


Eu e Lu

Conversas.

É como se houvesse um tempo determinado para cada coisa.
Quebrando essa regra eu passei tempos sozinho.
Então, quebrei a maldição.

Consolo

Eu sentia, naquele momento, que deveria parar.
Uma onde de calor subiu até minha cabeça, na verdade eu estava com febre.
Diante daquela visão cinematográfica eu deixava derreter em minha boca o doce leite gorduroso e barato que me dava tanto prazer.
Minha garganta inflamada não queria, mas minha mente degenerada não pensava em outra possibilidade.
Desceu guela abaixo até chegar em meu estômago cheio de outras porcarias industrializadas de um dia vazio.
Somente aquilo acalma meus pensamentos.
O leite gorduroso, frio, derretendo em minha língua.
A visão cinematográfica.
O contato.

03 de Outubro

Meu horóscopo fala de obejetivos, o tarô diz a mesma coisa.
Mas eu não sei dos meus.
Não tenho metas traçadas, vou vivendo cada dia.
Será que isso é muito ruim?
Talvez seja, mas acho que deve ser assim mesmo.

Fase Cabreira.

Rotina

Mais uma vez a certeza cotidiana de que estou aqui para andar só.


Principalmente na volta.

Eu pago a passagem rotineira e sento sempre na mesma cadeira, à esquerda.

A rua me parece tão convidativa a aventuras simples. Corro meus olhos pelos passageiros. O que será que estão pensando agora?

Aquela moça de rosa. Foi promovida no emprego... Veja sua cara de frustração. Na verdade ela queria era passar mais tempo em casa com o noivo.

Olha aquele senhor! Descobriu que o filho está doente, o que para ele é muito bom, já que passará mais tempo com ele durante o tempo de internação no hospital.

E aquele outro cara de verde, abraça a garota do seu lado e a diz coisas bonitas no ouvido. A coitada se ilude. Semana passada o vi com outra, fazendo exatamente a mesma coisa.

Enquanto aquele outro metido a nerd lá na frente, sonha em ser um rebelde sem causa, mas já percebeu que quebrar tão bruscamente o personagem não e bom pra sua imagem de filho perfeito.

Aquela de saia longa com um bíblia no colo detesta ter que ir ao culto, obrigada pela mãe carola. Quando ninguém está olhando ela ora pra suas deusas pagãs e põe seu amuleto de estrela.

Eu aqui sou um pouco de todos e muito mais de mim mesmo. Um produto do meio interno, que nunca externa o que sente e inventa sentimentos para esconder os que realmente existem. Fazendo-me de frio quando na verdade a história é outra.

Voltando pra casa sozinho.

Correndo os olhos pelas nuvens

Não estou triste. Olha eu ouvindo Patrick Park e Camera Obscura. Eu aprendi a ouvir música triste quando estou feliz.


Eu não estou feliz, ainda falta muita coisa.

Mas meus olhos pequenos não sabem chorar e eu sorrio.

Resumo de três meses.

Eu corri para não me atrasar. Cheguei em casa e não disse uma palavra.

Havia em seus olhos alguma coisa que me dizia para recuar, mas não o fiz.

Fiz ovos mexidos para o jantar. Me deu vontade de cantar, alguma coisa como “Eu vou agora porque sempre estive aqui, não preciso de sua mão pra me dizer o caminho, com a beleza quebrada de nossos momentos, vou agora, vou sozinho, como sempre foi, sozinho”.

Eu sentia o peso do “doar-se” sem a reciprocidade necessária.

Passei parte da noite com aquilo na cabeça.

Trabalhos com Tecido



O beijo.

Eu Penso no Banheiro...

Desenho, escrevo, pinto, danço, esqueço, vivo, morro...