Nãoexisteosónuncaexistiununcaexistiráosósóissosóaquilo.Nãominta,
nãodestruaosónãomastiguenãoinventenãodigaqueeleexiste.Nãoexiste
osó,nuncaexistiu,nuncaexistiráosó.

Cores Apagadas no Cinza

Passando pela esquina, desviei da poça d'água.
Quase pisei em suas asas vermelhas e passei direto, na faixa de pedestres.
"Será que era uma mariposa?"
Voltei, o sinal ainda fechado, agarrei-a pelas asas e corri. Os carros atrás de mim, cruzando o asfalto quente.
O asfalto não é lugar para uma mariposa.
Ela estava morta.
Andei a rua escura, algumas pessoas passavam, alguns carros estacionados, até o lugar mais próximo onde havia árvores.
Examinei, escolhi uma flor bonita e grande o bastante para confortar seus pelos e patas. Ela era linda, a mariposa.
Retirei a flor do pé. Acomodei-a sobre algumas folhas na terra. Coloquei a mariposa deitada em suas pétalas vermelhas. Pareciam vivas as duas.

O asfalto não é lugar digno para algo que tenha asas tão leves.
Ali a deixei, para voar o vôo infinito das mariposas, que vivem tão pouco.

Meus dedos ficaram manchados com as microescamas de seu corpo.
Marron-sangue.

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