Nãoexisteosónuncaexistiununcaexistiráosósóissosóaquilo.Nãominta,
nãodestruaosónãomastiguenãoinventenãodigaqueeleexiste.Nãoexiste
osó,nuncaexistiu,nuncaexistiráosó.
Eu só quero ser tudo que posso ser e não o que as pessoas da minha casa acham que sou
...

Procura-se

Procuro uma corda que me puxe para fora,
Um sapato com asas,
Um pincél que não precise de tinta
E um amor que não precise de lugar.
Procuro a coragem dos desbravadores
que saem de seus ninhos e partem para o desconhecido,
onde são quem são e não quem precisam ser.
Procuro o canto de parede onde possa cantar as músicas
que me fazem mais bem sem medo de desafinar.
Procuro a mim mesmo dentro da caixa azul que eu mesmo fiz.
Procuro uma vida minha e um livro novo e sem letras
onde eu posso escrever um poema eterno ou mesmo a minha simples história.
Procuro por coisas que não se acha e por sonhos semi-impossíveis.
Procuro por feitiçõs que estão ainda escondidos de mim
cujas palavras mágicas saem de dentro de minha boca.
Procuro nada além das coisas que tenho, mas que não me deixam usar,
apenas porque ainda dependo de outros orgãos para continuar vivo,
porque infelizmente não sou apenas alma.
I feel in the jail

Razões?!

Depois de um tempo se descobre para que se vem aqui. Quais são os propósitos dessa vida curta e longa demais, que não tem nenhum sentido se olharmos pela perspectiva da vida insignificante e a morte rápida.
Sinceramente eu me pergunto todos os dias se é só isso.
Estudar o que me obrigam, trabalhar no que não gosto, comer fastfood e morrer achando que se é feliz.
Que mundo mais avesso.

Menino do moleton azul.

Lá vem ele de novo, com aquela cara de quem viu borboleta azul. O vento bagunçou perpétuamente seus cabelos e seus paços são rápidos como se ele estivesse com pressa, mas nunca está.
Ele pegou o ônibus que demora muito a passar, mas que chega mais rápido em casa. Ele senta sempre na janela esquerda. Comendo uma fatia de torta de chocolate que lambusa seus dedos e sua cara de lunático.
Quem será? Queria saber seu nome e para onde vai à noite. Queria saber se ele sabe quem é. Queria que ele fosse mais como os outros, que não sorriem e não chamam atenção. Queria que a mente dele não fosse tão inquieta. Queria que ele tivesse um lugar só dele.
Mas por quê? Se eu nem sei quem ele é?

Tah bom

Tah bom que o que eu queria mesmo era dormir e sonhar para sempre.
Eu me imagino voando em um cavalo branco, sem me preocupar com pessoas más, nem tempestades de desconfiança, nem desrespeito. Só eu.
Por outras vezes eu não queria sonhar e sim, viver o sonho. Voar, mais alto que os pássaros, para poder vê-los de cima, como nunca vi antes. Queria pegar uma nuvem com a mão e colocar no teto do meu quarto, para não precisar sair de lá sempre que quizesse ver formas abstratas no céu.
Eu queria um pote de vidro onde coubessem todos os que me vêem como um raio de sol e não como uma cara emburrada. Sim, porque eu sorrio para quem olha para mim.
Tah bom que eu queria mesmo era saber porque eu quero tanta coisa que não posso fazer.

Inês na parede

Era uma vez uma mulher morta pintada na parede branca de um quarto, sobre estrelas e luas azuis. Seus cabelos longos voavam levemente sobre seu vestido pálido.
Quem seria ela?
Por que dorme para sempre Inês?
Acorde e veja que o quarto não é uma prisão. Eu te liberto para sempre da minha mente conturbada Inês. Se quizer fugir é só fazê-lo.
Mas ela não vai. Por mais que eu tente não a esqueço.
Depois de algum tempo quem sabe?

Desabafo Nº 498174

De repente me vejo preso por alguma coisa, que me segura pelo calcanhar e não me deixar sair. Quando eu penso em ganhar o mundo, me vem a idéia da perda que isso me traria. Mas não seria um ganho maior? O mundo em troca de alguns confortos?
Não pense que eu sou um daqueles que fogem. Muito menos dos que se rebelam em público. Minhas rebeliões e fugas são internas, pra ninguém ver e, geralmente são contra mim mesmo.
Mas quando eu estou preso e não posso fazer nada... Eu posso até gritar.
Eu te odeio, te odeio!! Mas não posso fazer nada ainda.