Nãoexisteosónuncaexistiununcaexistiráosósóissosóaquilo.Nãominta,
nãodestruaosónãomastiguenãoinventenãodigaqueeleexiste.Nãoexiste
osó,nuncaexistiu,nuncaexistiráosó.

Rotina

Mais uma vez a certeza cotidiana de que estou aqui para andar só.


Principalmente na volta.

Eu pago a passagem rotineira e sento sempre na mesma cadeira, à esquerda.

A rua me parece tão convidativa a aventuras simples. Corro meus olhos pelos passageiros. O que será que estão pensando agora?

Aquela moça de rosa. Foi promovida no emprego... Veja sua cara de frustração. Na verdade ela queria era passar mais tempo em casa com o noivo.

Olha aquele senhor! Descobriu que o filho está doente, o que para ele é muito bom, já que passará mais tempo com ele durante o tempo de internação no hospital.

E aquele outro cara de verde, abraça a garota do seu lado e a diz coisas bonitas no ouvido. A coitada se ilude. Semana passada o vi com outra, fazendo exatamente a mesma coisa.

Enquanto aquele outro metido a nerd lá na frente, sonha em ser um rebelde sem causa, mas já percebeu que quebrar tão bruscamente o personagem não e bom pra sua imagem de filho perfeito.

Aquela de saia longa com um bíblia no colo detesta ter que ir ao culto, obrigada pela mãe carola. Quando ninguém está olhando ela ora pra suas deusas pagãs e põe seu amuleto de estrela.

Eu aqui sou um pouco de todos e muito mais de mim mesmo. Um produto do meio interno, que nunca externa o que sente e inventa sentimentos para esconder os que realmente existem. Fazendo-me de frio quando na verdade a história é outra.

Voltando pra casa sozinho.

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