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... E os pés gelados, se rossavam um no outro, na tentativa frustrada de amenizar a dor do frio. Não havia nada em que pensar, mas sua cabeça sempre achava algo para se distrair e acaba-va por deixar-lhe triste ao fim das contas. Nada mais era como antes, mas ainda era uma criança, tentando achar no meio da cidade, escura e turbulenta, o lar de seu corpo, o útero macio e quente onde se encolhia há 18 anos atrás.
Suas mãos, assim como seus pés, eram como pedras. Seus cabelos suados e sua roupa pesada... Andava como uma lesma, observando todos ao redor, mas sem olhar para ninguém.
Não tinha fome, nem sede, nem vontades, apenas dúvidas sobre seu próprio ser que, por muitas vezes, não era.
Andava para casa como um pombo, que só volta porque sabe o caminho, mas tem vontade de voar por outros ares.