Nãoexisteosónuncaexistiununcaexistiráosósóissosóaquilo.Nãominta,
nãodestruaosónãomastiguenãoinventenãodigaqueeleexiste.Nãoexiste
osó,nuncaexistiu,nuncaexistiráosó.

O sabão dos dias passados.

(Leia escutando 3 Times and you lose - Travis)


Era noite alta. Seus pés estavam cansados, tudo estava, sua cabeça, seu coração, principalmente.
Havia tomado a decisão e não queria voltar atrás, mas não tinha mais forças para lutar contra tudo aquilo.
Não suportava mais. Havia estado ali, no mesmo lugar por mês, de pé. Não podeira mais.
Cortava suas veias cada vez que tentava apagar da mente aquelas imagens. cada vez que dizia com palavras que pareciam verdade :  Não te amo mais.
E quando chegava em casa, o espelho o denunciava.
Mas era humanamente impossível para o tipo de ser humano que era.
Não queria mais.
O que parecia uma brincadeira de criança, um iô-iô, que ia e voltava, agora deveria ser como uma bola de gude, ir, para sempre, seguir o caminho sem volta, a caminho do esquecimento.
Não queria mais os braços, as mãos, as pernas, não queria os olhos, muito menos os olhos.
Na verdade queria sair daquele lugar onde esteve por meses sem resultado.
Em suas mãos estava o alfinete para furar a bolha.
Mas antes... Antes que pudesse furá-la, parou, olhou para as paredes. Pensou em tudo, desde o começo.
Ahhh, como doía. A alfinetada em seu peito, que jorrava o líquido azul, o líquido que sempre correu por suas veias finas.
A fumaça do cigarro, poças de álcool, cartas e cartas escritas em vão, para a bolha, a bolha que insistia em dizer que ele nunca quizera estar lá dentro. O que doía mais ainda.
Segurou forte o alfinete...

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