Nãoexisteosónuncaexistiununcaexistiráosósóissosóaquilo.Nãominta,
nãodestruaosónãomastiguenãoinventenãodigaqueeleexiste.Nãoexiste
osó,nuncaexistiu,nuncaexistiráosó.

Considerações Sobre a Morte.

Seguem duas pequenas histórias:


O sábio e a Morte


Era uma vez um vilarejo onde se viva de caça. Era uma vila simples, onde havia sábios, agricultores e, principalmente, caçadores. O curioso era que as caças aconteciam principalmente à noite, para que os animais não tivessem chance de fugir em seus leitos (covardes). Alguns jovens aspirantes a caçadores, por vezes, iam nessas caças para aprenderem a "arte" tão apreciada. Alguns se saiam bem e se tornavam heróis quando voltavam, outras vezes, não voltavam.
Certo dia um jovem chegou para seu pai, que era um sábio da vila e o pediu para ir a uma das caçadas. Seu pai, que optara pelo caminho da sapiência, não queria que o filho tentasse se tornar um caçador rude e, alegando que havia perigos demais na floresta, não permitiu que o filho fosse.
Naquela noite houve grande fartura de caça e os caçadores voltaram satisfeitos para casa, depois de realizarem a melhor caça de todos os tempos. Voltaram como heróis, sem nenhum morto, nenhum ferido e muita carne para abastecer a cidade.
Na casa do sábio, o filho levantou cedo para ver a volta dos caçadores. Como se sentia mal. Fora tomar café. Ainda estava escuro. Um pedaço de pão ficou preso em sua garganta e ele morreu sem ar.
Ao acordar o sábio se deparou com tal visão. Seu filho morto e arroxeado, deitado em baixo da mesa. As mão cerradas.
Lá fora a celebração da caça era alegre. Em casa o sábio se sentia o mais tolo dos tolos. Seu filho morrera como um fraco, que nem ao menos pode engolir um pedaço de pão, quando poderia ter se tornado um herói.


A morte, é como Deus. Onipresente e Onipotente. Nada escapa dela, esteja onde estiver.


O Planeta Sem Morte.


-Alguns pensavam que era utopia, mas eu descobri. Em minhas andanças pelos planetas da via láctea, encontrei um planeta cujo Deus não criara a morte.
Encontrei seres, homens e mulheres, com milhões de anos. Todos eram, por assim dizer, a imagem do sofrimento que nenhum poderia aguentar se fossem terráquios. Sua pelo quase não existia mais, embora se alimentassem bem, seus olhos já não viam, suas bocas não falavam, seus ossos eram quebradiços como uma pedra de areia, muitos tinham membros faltando, resultado das guerras. Seus cabelos caíram.
Certa vez encontrei uma cabeça no deserto. Seu corpo havia sido mutilado por membros de uma caravana terrorista (acredite, faz muito mais sentido fazer terror quando não se pode morrer, para pelo menos esquecer). Aquela cabeça foi o que mais me assustou e, naquele momento eu agradeci por poder morrer. A cabeça falava e via, sentia cheiros, mas só se movia com o movimento da areia e da chuva. Não possuía pernas, nem estômago, nem braços. Era apenas uma cabeça.
Eu a recolhi e a levei para um lugar mais alto, onde ela poderia ver a paisagem deslumbrante da natureza daquele lugar.
Aquele planeta foi o lugar mais assustador em que já estive. Era cheio de florestas perenes, mas super populoso. Me pergunto se aquilo é falta de morte ou de vida.


A morte é o maior presente, depois da vida, que Deus nos deu. Seja ele quem for, seja qual for. Não tenho medo da morte, pois não viveria sem ela.

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