Nãoexisteosónuncaexistiununcaexistiráosósóissosóaquilo.Nãominta,
nãodestruaosónãomastiguenãoinventenãodigaqueeleexiste.Nãoexiste
osó,nuncaexistiu,nuncaexistiráosó.

"Sonhos de um dia de verão".

Eu tive um sonho essa noite e, por estranho que pareça, consigo lembrar de tudo.
Começou comigo, sozinho, como sempre, andando por uma ruazinha estreita, que se transformava em um mcampo à medida que eu ia andando.
Eu caminhava depressa, porque que a rua era muito perigosa e eu queria logo chegar na grama. Eu tinha medo daquele lugar.
Logo depois de andar por toda a ruela, eu estava em meio ao verde, ainda molhado pela noite. Eu via a paisagem cheia de árvores ao longe, o céu nublado, pássaros cantando. Eu nunca mais sairia dali.
Daí, de longe, mas muito rápido, vinha pulando um Louvadeus do tamanho de um cavalo e muito, muito verde. Eu não estava assustadoe e o achava muito bonito, até sorria, porque adoro insetos. Ele começou a se aproximar e a crescer mais e mais, até ficar gigantesco. Com suas patas me agarrou e acabou me engolindo.
Em sonho, sempre se acorda antes de morrer...
Mas eu não acordei, porque não tinha morrido.
Dentro do Louvadeus havia um quarto com mobília colonial, uma cama de solteiro com uma colcha linda, papel de parede listrado, uma poltrona azul claro e uma estante de livros.
Instalei-me. Poderia passar a viver ali.
Mais tarde, quando já era noite, tudo escureceu. A única luz era uma vela. Eu lia um livro indicado, qu era chato e difícil. Eu estou acostumado com leituras fáceis.
A porta do quarto se abriu. Eu olhei ligeiramente, mas não pude ver quem era. Segurei a vela na mão e aproximei do estranho.
Ele, ou ela, vestia uma roupa branca de algodão, cheia de babados e rendas, que cobria todo o corpo, deixando à mostra somente olhos e boca.
Não era muito mais alto que eu e não dava pra saber o sexo. A boca não falava e os olhos diziam pouca coisa, mas eram receptivos.
Eu perguntei ao "ser" se poderia dormir comigo, porque ali dentro era muito frio. Ele não respondeu, nem acenou, ficou parado na poltrona.
Então de súbito, senti meu corpo ser esmagado por todos os lados, uma coisa ruim crescia dentro de mim. O Louvadeus começava e diminuir de tamanho.
Eu me vi então, devolta ao campo e o inseto ali em minhas mãos. Eu não podia controlar meus anseios e minhas idéias, eu estava triste, eu tinha feito de novo. (Lembrei de uma música da Sia - Don't Bring Me Down).
Aí eu engoli o Louvadeus.
Sentei nos galhos de uma árvores, o mais alto que pude, e olhei o campo, tentando esquecer tudo que havia acontecido.
Daí, vinha em minha direção, suas roupas esvoaçantes, o ser de branco, que me olhava seguramente com aqueles olhos penetrantes, nemm claros e nem escuros, lindos, pequenos, expressivos, que me diziam:
-Sim, eu durmo com você!
Senti o Louvadeus crescer dentro da minha barriga e logo estávamos ali, no quarto com mobília colonial e papel de parede listrados.
Deitamos juntos enquanto o inseto pulava pelo campo.


Aí eu acordei.

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