Nãoexisteosónuncaexistiununcaexistiráosósóissosóaquilo.Nãominta,
nãodestruaosónãomastiguenãoinventenãodigaqueeleexiste.Nãoexiste
osó,nuncaexistiu,nuncaexistiráosó.

02:02

As casas, sem luzes acesas, parecem corpos sem alma que habitam a cidade.
À essa hora da noite ninguém se atreve a sair e enfrentar o perigo da rua vazia.
Pelas brechas das portas as pessoas com insônia tentam enxergar o movimento, na esperança de que algo incomum aconteça, para que possam contar para toda a família no café da manhã.
- Olhe aquelas duas moças com uma criança! - Devem estar extremamente amedrontadas com o escuro e o silêncio e o vazio da rua - Corajosas...
- Veja como elas passam andando muito rápido!
Olhando do quarto andar tudo fica mais bonito, mais poético... As janelas dos outros prédios parecem sorrir para os acordados. Acendem e apagam sem parar.
Agora as pessoas estão começando a reunir seus anseios e colocá-los sem pudor em seus sonhos malucos... E eu, tento imaginar as inúmeras possibilidades que podem aparecer em suas cabeças... Quantas pessoas estão assim na mesma situação em que se encontra minha cabeça...?
Eu procuro entender a cidade, mas é sempre o inverso.
Eu nem sei direito o que quero, se é que quero alguma coisa, porque tudo parece tão bom, mas sempre falta algo para nos completar, mesmo que eu acredite na idéia de que o homem pode ser feliz sozinho... Porém não sou eu quem vai tentar...
A madrugada passa lenta e silenciosa e é disso que eu gosto nela... Sua falta de vida tão viva.
Assim como nós, vivos e tão mortos...

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